Mercado de TV por assinatura perde clientes para as plataformas de streaming

Streaming ameça TV por asssinatura|Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Novas tecnologias e crise econômica trouxeram consequências para que o mercado de TV por assinatura tenha perdido clientes nos últimos anos. Para se ter ideia da quantidade de clientes que estão deixando o setor, em junho de 2019, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) registrou 16,7 milhões de domicílios com acesso à TV por Assinatura, representando uma redução de 1,1 milhão de domicílios (6,86%) nos últimos 12 meses. 

A redução representa um novo modo de consumo por parte dos clientes, onde estão optando cada vez mais por reduzir os custos com a TV paga, optando por plataformas de streaming. 

Só em Pernambuco durante o mês de junho 303.508 domicílios tinham a TV Paga contratada, e o número teve uma queda de clientes, perdendo 6,55% em relação ao mesmo período do ano passado onde tinham 324.780 clientes. 

As operadoras de TV paga perderam no ano passado 549 mil assinantes. O serviço fechou 2018 com 17,5 milhões de contratos ativos, segundo dados da Anatel. A redução de mais de 500 mil pessoas representou uma queda de 3% na base de usuários do setor. Esse movimento mantém o encolhimento da base, que chegou a ter 19 milhões de contratos em 2015. 

O estudante Renato Alves, de 21 anos, é uma das pessoas no Brasil que deixou de utilizar o serviço de TV por assinatura. Para ele, a chegada da Smart TV foi um dos fatores que o fez deixar de ter o serviço adicional no televisor. “A facilidade de escolher o que assistir através de aplicativos pela Smart TV foi o que me fez deixar de ter esse serviço, hoje na TV eu posso escolher o que assistir através dos aplicativos disponíveis, é mais cômodo, sem contar na economia que foi de deixar de pagar pela TV por assinatura, que foi um fator importante”, disse o estudante.

Renato conta ainda que optou pelos serviços de Streaming para substituir o produto. “Eu agora uso Netflix, YouTube e GloboPlay, esses serviços novos que eu posso escolher o que assistir, quando quiser assistir, e até posso assistir onde assistir, não importando onde estou, fazendo a minha própria programação com um custo bem menor do que pagava na TV paga, e que me traz uma satisfação maior”, afirmou. 

Já para o geólogo Syllas Santana, de 22 anos, optou pelos serviços sob demanda no lugar da TV paga. “Todas as vantagens que a TV por assinatura oferece são facilmente substituíveis por serviços on demand. Eu preferi recorrer a outras plataformas para garantir o meu entretenimento, principalmente por conta da minha preferência pelos esportes, onde fica mais vantajoso aderir a esse serviço”, afirmou. 

Syllas, conta ainda que com a sua preferência pelos esportes, não optar pelo serviço se deu por conta de por os canais específicos em pacotes com um custo maior. “As empresas responsáveis for fornecer os pacotes de TV por assinatura alocam os canais de esportes para os planos mais caros, atualmente é possível obter estes conteúdos em serviços específicos por um preço mais em conta”, contou o geólogo. 

A estudante Amanda Monteiro, de 26 anos, destaca que o alto valor cobrado, e as facilidades das outras plataformas de uso, são fatores por não optar pela TV por assinatura. “Eu não tive mais interesse por conta dos serviços semelhantes que foram surgindo no mercado, e o custo para contratação não me era atrativo, eu pagaria um preço elevado, mas os outros recursos são mais baratos e promovem um serviço semelhante ao da TV paga, basicamente”, contou. 

A jovem ainda destaca que as plataformas escolhidas por ela, permitem utilizar o serviço e priorizar um tempo maior com os amigos. “Divisão entre amigos foi um fator que foi uma vantagem, além de poder assistir em varias plataformas digitais, como computador, Smart TV ou celular, o serviço me dá uma comodidade maior. Não voltaria para o setor, por não existir nenhum ponto positivo para isso no meu ponto de vista”, afirmou a estudante. 

A Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) destaca que a justificativa para a queda na base de assinantes se dá por conta da crise econômica, onde a associação considera como a maior da história. A entidade compara ainda a retração de assinantes com o que aconteceu com o PIB, atingindo outros setores da economia nacional. 

A ABTA ainda aponta para as novas soluções apresentadas pelas empresas do setor, onde buscam evoluir e oferecer novos serviços para os consumidores. Segundo a associação cada vez mais as operadoras e os canais de TV por assinatura oferecem uma programação exclusiva em outras plataformas. 

Apesar da queda dos assinantes, a audiência da televisão paga vem aumentando. Segundo uma pesquisa do Ibope apresentada no Pay-TV Forum na última semana, a audiência da TV por assinatura aumentou. Agora, segundo o levantamento as pessoas consomem por dia 3 horas e 24 minutos, em antemão às 3 horas e 7 minutos consumidas cinco anos atrás, o que para a ABTA pode ser considerado um ponto positivo, pois mostra que as pessoas ainda assistem ao serviço. 

Atualmente, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), das maiores empresas de telecomunicações, a que conta com um maior número de clientes é o Grupo Claro, com um total de 8,29 milhões de domicílios (49,26%), seguido pela Sky, com 5,05 milhões (29,99%); a Oi, com 1,59 milhão (9,45%); e a Vivo com 1,48 milhão (8,82%).

Streaming
Além da crise econômica o Streaming tem se tornado o maior concorrente das empresas que fornecem televisão por assinatura. O maior player do mercado é a Netflix, que concorre com empresas como a Warner, Disney, Amazon Prime Video, e no Brasil tem como concorrentes GloboPlay, PlayPlus da Record, entre outros. 

Segundo uma pesquisa feita pela Toluna, 9 em cada 10 pessoas no Brasil utilizam algum tipo de serviço de vídeo sob demanda no dia a dia. O levantamento mostra ainda que 93% dos entrevistados acessam alguma plataforma de streaming ou serviços de conteúdo em vídeo pela internet. 

Apesar do alto número de pessoas conectadas ao streaming e da queda dos clientes da TV por assinatura, a Netflix, por exemplo, adicionou menos clientes do que o esperado no primeiro trimestre de 2019. O serviço de streaming de vídeo dominante do mundo informou que atraiu 2,83 milhões de novos assinantes fora dos EUA, abaixo das expectativas de analistas de 4,8 milhões, segundo dados do IBES da Refinitiv. 

Os serviços de streaming não estão restritos apenas à filmes, séries, exibição de novelas, como são os mais comuns atualmente. Eles já se fazem presentes no mercado esportivo, que é uma das preferências do geólogo Syllas Santana, de 22 anos. “Os serviços que optei como DAZN, EI Plus, EspnWatch, me permitem assistir algo do meu interesse em alta qualidade e em diferentes plataformas, seja por computador, celular ou Smart TV, possibilitando ainda simultaneidade de telas. Eu gosto desse meio, e são ferramentas que não pago tão caro como na TV por assinatura, é mais vantajoso financeiramente, os canais esportivos sempre estão em pacotes mais caros”, afirmou. 

Por: Matheus Jatobá|FolhaPE

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