Entre a fé e a razão
A fala do papa Francisco sobre o Big Bang e a teoria da evolução faz parte de um esforço histórico — e difícil — de convivência dos dogmas católicos com o pensamento científico
Batalhas sombrias. Era assim que Bertrand Russell (1872-1970), monumento da filosofia inglesa — frequentemente ombreado com pensadores da estatura de John Locke, David Hume e John Stuart Mill —, se referia aos seculares embates entre ciência e religião. Na semana passada, o papa Francisco inscreveu seu nome na história dessa guerra — mas do lado da paz, claro, como não poderia deixar de ser com o extraordinário Jorge Mario Bergoglio. “Quando lemos no Gênesis sobre a criação, corremos o risco de imaginar que Deus tenha agido como um mago, com uma varinha mágica capaz de criar todas as coisas. Mas não é assim”, disse ele diante de um grupo de membros da Academia de Ciências do Vaticano, valendo-se de uma imagem utilizada recentemente. E completou: “O Big Bang, que hoje temos como a origem do mundo, não contradiz a intervenção criadora, mas a exige. A evolução na natureza não é incompatível com a noção de criação, pois a evolução exige a criação de seres que evoluem”.
Fonte:Veja