Grupo João Santos, dono do Cimento Nassau, é suspeito de dar calote em funcionários — Foto: Reprodução/TV Globo
Mais de sete mil funcionários do Grupo João Santos, um dos maiores conglomerados empresariais do Nordeste, foram prejudicados pela falta de pagamento intencional de salários e benefícios trabalhistas, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT).
As empresas foram alvo de uma operação realizada, nesta quarta (5), pela Polícia Federal, Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e Receita Federal.
A Operação Background verificou que, entre 2015 e 2019, as empresas movimentaram R$ 56 bilhões de forma irregular.
Para os investigadores, isso demonstra que o grupo, dono da marca Cimento Nassau, poderia ter pago as dívidas tributárias e os direitos trabalhistas de seus funcionários.
São investigados crimes tributários, financeiros, trabalhistas e de lavagem de dinheiro. Segundo a Procuradoria da Fazenda, as empresas do Grupo João Santos têm dívidas tributárias de R$ 8,6 bilhões e trabalhistas, de ao menos R$ 55 milhões.
O Grupo João Santos é investigado pelo MPT desde 2015. Inicialmente, 13 empresas foram alvo dessa apuração. À medida que o processo progredia, outras acabaram sendo encontradas.
No início, em 2016, o MPT ingressou na Justiça do Trabalho com uma ação civil pública sobre atrasos salariais, que, inclusive, foram confessados pelos gestores.
De acordo com Débora Tito, procuradora do MPT em Pernambuco, no início, foram leiloados bens para pagar salários e planos de demissão voluntária.
"Entretanto, à medida em que o processo ia crescendo, paramos de encontrar bens. Fizemos uma representação criminal para o Ministério Público Federal e, por isso, começou essa investigação em busca dos bens. Porque é notório, em toda a sociedade, não só pernambucana, inclusive brasileira, que esse é um grupo abastado, que tem vários bens", afirmou.
Débora Tito é procuradora do Ministério Público do Trabalho — Foto: Pedro Alves/G1
Entre os mais de sete mil trabalhadores afetados pelas empresas do Grupo João Santos estão pessoas que saíram das empresas e não receberam os valores do plano de demissão voluntária, trabalhadores de altos cargos e salários com valores atrasados a receber e, ainda, pessoas que seguem nas empresas, mas que tiveram vencimentos reduzidos.
As ações ocorrem em Pernambuco, em São Paulo, no Amazonas, no Pará e no Distrito Federal. Os crimes investigados, segundo a Receita federal, são sonegação fiscal, apropriação indébita, evasão de divisas, frustração de direitos trabalhistas, operação de instituição financeira não autorizada e lavagem de dinheiro.
Ainda segundo a procuradora Débora Tito, em 2019, a Justiça do Trabalho reconheceu o direito dos trabalhadores e deu ganho de causa ao MPT. Na época, a dívida trabalhista era de R$ 55 milhões, somente em Pernambuco. A decisão já ocorreu em segunda instância e, no último balanço, feito em 2018, já ultrapassava R$ 70 milhões.
Do G1/PE