A decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudaram os planos imediatos do PT, que pretende investir nos próximos meses em agendas de visitas e viagens pelo país com o ex-presidente, provável candidato do partido na corrida eleitoral de 2022.
As agendas devem começar após o ex-presidente receber a vacina contra a Covid-19, fato que também será divulgado como contraponto ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, até o momento, não se empenhou em defender a necessidade do imunizante.
A previsão é que Lula receba a primeira dose da vacina no início da próxima semana, segunda ou terça, em São Bernardo do Campo (SP). A segunda dose deve ocorrer cerca de 15 dias depois. A partir daí, de acordo com a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), a ideia é iniciar uma série de encontros políticos com o objetivo de criar um movimento de confronto com Bolsonaro.
Antes da decisão, o PT pretendia começar a construir o nome do ex-prefeito de São Paulo, e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, como opção de candidatura para 2022. O partido chegou até a escrever um plano emergencial que serviria de base para essas jornadas. Agora, a intenção é manter as viagens, mas com Lula à frente.
“Nós vamos continuar, com o Haddad e outras lideranças. Nós vamos fazer das agendas, vamos sair, mas vamos fazer as agendas para o Lula também. Nós queremos muito que o Lula ande o Brasil. Mas ele tem que primeiro tomar as vacinas”, disse Gleisi Hoffmann.
“Ele deve tomar a primeira dose na semana que vem, possivelmente na segunda ou terça. Depois disso, após 14 ou 15 dias toma a segunda dose. Ele tomando a segunda dose, a gente espera alguns dias e já começa a fazer as agendas de viagem”, completou.
Segundo a deputada, o partido não pretende, por enquanto, realizar eventos públicos, com a participação de pessoas, devido aos riscos das aglomerações.
“Temos que ter muito cuidado com isso. Obviamente que vão ser agendas mais de visitas a lideranças, políticos, personalidades do meio empresarial, do meio político e de organizações populares. São agendas para falar sobre o momento do Brasil”, informou.
“Temos que construir um movimento de enfrentamento às posições e desconstruções do Bolsonaro. Vamos também defender a vacina”, disse.
Candidatura 2022
O próprio Lula e o partido têm evitado falar abertamente sobre a candidatura sob a alegação de que não é o momento. No entanto, para Gleisi, não há dúvidas de que o ex-presidente é a melhor estratégia.
“Não há dúvidas do ponto de vista do PT que ele é melhor candidato. Não só do ponto de vista do PT, mas do ponto de vista do Brasil. Ele é um candidato do povo, pelo legado e pelo conhecimento que tem do país, pela humanidade que ele tem”, observou.
Apesar disso, ressalvou que não é hora de focar nesse assunto. “O PT ainda não decidiu as estratégias para 2022. Temos que conversar na direção e também com o próprio Lula. Agora é hora de tentar salvar o Brasil da crise. O foco é na pandemia, no desemprego, no auxílio emergencial. Acho que Lula reúne lideranças de sobra para construir com governadores e prefeitos soluções para esses problemas.”
“A gente acha que se colocarmos foco em 2022 aqui, não conseguiremos construir saídas. Mas eu acho importante registrar para 2022 é que o Brasil vai ter a chance agora de tomar uma decisão livre, o que não aconteceu em 2018. De qualquer forma, vamos fazer essa discussão. Claro que ela é importante e nos interessa. A gente sabe do peso do Lula”, destacou.
Pacto dos governadores
Diante da possibilidade de o governo ficar em segundo plano ou, até mesmo, omisso no pacto firmado por 24 governadores, o PT enxerga uma forma de diálogo com o grupo.
As primeiras visitas devem ser feitas a aliados como o governador Wellington Dias (PT-PI), que preside o Fórum Nacional de Governadores, e Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, que já anunciou que estará no palanque de Lula em 2022, além dos governadores do partido no Nordeste.
“Existe um movimento bom dos governadores nesse pacto. Eles estão meio que assumindo a frente de enfrentamento à Covid-19, organizando sua ações. Não acredito que a participação do governo federal possa ajudar. Aliás, o problema é o governo federal”, considerou a petista.
Via PE Notícias