Kim Jong-un reaparece em público depois de três semanas

Kim Jong-un, ditador da Coréia do Norte/Foto: STR/KCNA VIA KNS/AFP

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, inaugurou na sexta-feira (01) uma fábrica de fertilizantes, em sua primeira aparição pública depois de semanas de especulações envolvendo sua saúde - informou a agência de notícias oficial KCNA neste sábado (2), horário local.

A televisão oficial mostrou imagens de Kim andando, sorrindo e fumando um cigarro na inauguração da fábrica em Sunchon, ao norte de Pyongyang. "O líder supremo Kim Jong-un cortou a fita na inauguração da fábrica de fertilizantes de Sunchon", afirmou a agência, que divulgou fotos do evento.

Nelas, Kim aparece ao lado da irmã e conselheira, Kim Yo-jong. Em uma das imagens, o líder norte-coreano, vestido com seu habitual traje preto, corta uma fita vermelha. Ao fundo, estão sua irmã e outras lideranças norte-coreanas. Não é possível autenticar a aparição pública.

Kim Jong-un "compareceu à cerimônia, e todos os participantes o saudaram quando ele apareceu", assinalou a agência. Kim também visitou a fábrica e foi "informado sobre o processo de produção". O líder norte-coreano não fazia uma aparição em público desde 11 de abril. No dia seguinte, a mídia estatal afirmou que ele estava inspecionando caças em uma base militar.

Os questionamentos sobre a saúde de Kim Jong-un surgiram por sua ausência nas comemorações do 15 de abril, dia mais importante do calendário político da Coreia do Norte, quando todo o país comemora o nascimento do fundador do regime, Kim Il-sung, seu avô.

Na sexta-feira, segundo a KCNA, "o líder supremo disse com profunda emoção que [seu avô] Kim Il-sung e [seu pai] Kim Jong-il, que trabalharam duro para resolver o problema da alimentação para o povo, estariam extremamente satisfeitos, se soubesse que foi construída a fábrica moderna de fertilizantes de fosfato".

Fontes oficiais x rumores
As especulações sobre o estado de saúde do líder norte-coreano partiram do "Daily NK", veículo digital dirigido principalmente por desertores norte-coreanos, em 21 de abril. Citando fontes não identificadas no país, o veículo afirmou que Kim, que teria em torno de 35 anos, teve de se submeter a um tratamento urgente, devido ao cigarro, à obesidade e ao cansaço.

A emissora americana CNN informou que os Estados Unidos estavam "monitorando a Inteligência", segundo a qual havia risco de morte depois de uma cirurgia. O conselheiro especial de Segurança Nacional do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, minimizou os rumores cinco dias depois, afirmando que Kim Jong-un estava "vivo e bem".

Segundo este assessor, Moon Chung-in, o líder estava em Wonsan, uma localidade costeira do leste da Coreia do Norte, desde 13 de abril. As preocupações com o "desaparecimento" de Kim Jong-un revelam a falta de preparação da comunidade internacional para a instabilidade na Coreia do Norte, avaliou Leif-Eric Easley, professor de Estudos Internacionais na Universidade Ehwa, de Seul.

"Washington, Seul e Tóquio precisam fortalecer sua coordenação sobre planos", antecipando-se a um eventual desaparecimento, declarou.

"Se as fotos da reaparição de Kim forem autênticas, a lição que se tem que aprender é que o mundo terá que ouvir mais o governo sul-coreano e menos fontes anônimas e rumores nas redes sociais", acrescentou.

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul lamentou que "escritos sem fundamento" tenham causado "confusão e custos desnecessários em diversos âmbitos, como a economia, a segurança e a sociedade". A saúde do líder norte-coreano é um segredo de Estado, em um país fechado, onde não há liberdade de imprensa.

Outro tema especulado diz respeito à pandemia do novo coronavírus, que atingiu duramente os dois vizinhos da Coreia do Norte, China e Coreia do Sul. Segundo Pyongyang, não foram registrados casos naquele país, que fechou as fronteiras e toma rígidas medidas de precaução contra a doença.

Por: AFP

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