A possibilidade do Rio São Francisco ser atingido pelos rejeitos da barragem da Vale que estourou em Brumadinho (MG), em janeiro, será discutida pela Assembleia. A Frente Parlamentar criada para defender esse curso d’água convidará especialistas e representantes dos órgãos de fiscalização ambiental para analisar a situação, em encontros a serem agendados nos municípios de Cabrobó, Floresta e Petrolina (Sertão), além de um debate no Recife.
Coordenador do colegiado, o deputado Lucas Ramos (PSB) pontuou que há divergências sobre a contaminação ou não do Velho Chico, que tem como um de seus afluentes o Rio Paraopeba, afetado diretamente com os rejeitos da mineradora. Segundo o parlamentar, relatório da Organização Não Governamental Instituto SOS Mata Atlântica indica que o São Francisco foi atingido, enquanto a Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) negam a informação.
“A população não pode conviver com informações desencontradas. Por isso, vamos convidar estudiosos e representantes dessas entidades para apresentar os dados colhidos até o momento”, informou Ramos. Ele sugeriu o convite aos pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) Neison Freire e Luís Romani. O primeiro é supervisor do Centro de Estudos Georreferenciados da instituição e o segundo, autor da pesquisa “Impactos Econômicos e Sociais da contaminação do Rio São Francisco”.
O encontro no Recife será agendado para abril, os de Floresta e Cabrobó em maio e, encerrando o ciclo, o debate de Petrolina ocorrerá no início do mês de junho. “É pertinente levarmos informações corretas às populações dos municípios mais integrados ao São Francisco”, afirmou a deputada Roberta Arraes (PP). “Nossa preocupação em manter o rio livre dos rejeitos de Brumadinho aumenta a cada dia”, acrescentou Fabrizio Ferraz (PHS).
Lucas Ramos propôs, ainda, que a Alepe articule, junto às Assembleias Legislativas dos demais Estados cortados pelo São Francisco (Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Sergipe), a formação de frentes parlamentares como a que ele coordena. “Juntos, podemos formar um colegiado forte e representativo para cobrar das autoridades competentes o cumprimento das ações de reparação às vítimas e ao meio ambiente determinadas pela Justiça”, concluiu.
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