A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) registrou um lucro de R$ 265,9 milhões em 2018, resultado 74% menor do que o de 2017, quando a empresa teve lucro de R$ 1,044 bilhão. O grande problema da estatal continua ser a venda da energia por um preço mais baixo do que o das suas concorrentes. Para obedecer à lei federal 12.783/2013, ela vende por valores abaixo dos de mercado um bem que só fez aumentar de preço nos últimos anos.
A estatal vive basicamente de duas receitas: a de geração (de energia) e a de transmissão, que ganha para transportar a energia. Seis anos depois que a lei entrou em vigor, a receita operacional da Chesf de geração corresponde a R$ 2,5 bilhões ao ano, enquanto em 2012 essa receita alcançava R$ 5 bilhões.
Para se ter uma ideia, uma hidrelétrica antiga com os investimentos já pagos vende o megawatt-hora (MWh) de energia, em média, por cerca de R$ 150, enquanto a Chesf – em condições semelhantes – vende a mesma quantidade de energia por cerca de R$ 30. Como mais da metade desse valor é de imposto, o que acaba entrando como receita é aproximadamente R$ 9. Em algumas padarias do Recife, isso não é suficiente para comprar um quilo de pão.
A lei federal 12.783/2013 foi promulgada pela então presidente Dilma Rousseff (PT), com a finalidade de baixar o preço da energia para todos os brasileiros, o que não ocorreu. A iniciativa fez a empresa apresentar alguns prejuízos a partir de 2012.
Em relação à performance de 2018, o que contribuiu para a redução do lucro em 74% foi à reversão do impairment. Nesse caso, o impairment é um mecanismo contábil que faz um teste para avaliar se os ativos de uma empresa estão rentáveis ou não, de acordo com o departamento financeiro da Chesf.
Segundo o presidente da Chesf, Fábio Lopes Alves, a reversão do impairment gerou um ganho contábil de R$ 875 milhões no balanço de 2017, enquanto em 2018 essa reversão ficou em R$ 108 milhões, provocando a redução do lucro na comparação com o ano anterior.
Também afetou o atual balanço, uma nova instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que alterou a forma de contabilizar as receitas e despesas da transmissão. “Nesse caso, as receitas e as despesas cresceram na mesma proporção por causa da forma de apurar”, explica Fábio. E os números mostram isso. A receita de transmissão da Chesf saiu de R$ 1,2 bilhão em 2017 para R$ 1,9 bilhão em 2018, enquanto os custos (também com a transmissão) pularam de R$ 944 milhões em 2017 para R$ 1,7 bilhão no ano passado.
INDICADOR
Sócio da JBG & Calado, Emílio Calado diz que um dos índices que indicam se a empresa está tendo uma remuneração adequada é a que faz uma proporção entre o patrimônio líquido da empresa e o seu lucro. “A Chesf apresentava um patrimônio de R$ 13,8 bilhões no início de 2018. O lucro representa 1,9% do patrimônio, o que é muito pouco. Não está ocorrendo uma remuneração adequada ao seu patrimônio”, argumenta Calado, profissional especializado em balanços.
Sobre a crítica, Fábio Lopes Alves argumenta que a perda de receita da estatal foi imensa, por causa da lei 12.783/13 e que a estatal não consegue reduzir as despesas na mesma velocidade em que as receitas foram diminuídas.
Via PE Notícias