O jogo eleitoral de 2018 mal começou, mas lideranças políticas já medem força em articulações paralelas nos bastidores. O avanço das movimentações do prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), fez o governador do estado paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), entrar no circuito para aproximar aliados, com o intuito de fortalecer seu nome para a disputa pelo Palácio do Planalto do próximo ano. Na última quinta-feira (27), o presidenciável recebeu, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, a cúpula do PSB, que enfrenta o assédio do Democratas em cima de suas lideranças.
Dos líderes de Pernambuco, o governador Paulo Câmara (PSB) e o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira (PSB), estiveram presentes. A ausência do vice-presidente nacional e senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) chamou a atenção no encontro. O grupo do parlamentar integra a ala dissidente da legenda que negocia a adesão ao Democratas. O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), e o ex-deputado Beto Albuquerque (PSB) foram convidados, mas não puderam comparecer.
Antes do encontro com a cúpula do PSB, Geraldo Alckmin afagou um dos três governadores da legenda socialista, Rodrigo Rollemberg (Distrito Federal), com a assinatura de uma parceria para amenizar a crise hídrica de Brasília. A gestão paulista cederá equipamentos para a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) ampliar o abastecimento, por meio de transposição de recursos hídricos.
O gestor já havia cedido equipamentos semelhantes para amenizar os efeitos das estiagens na Paraíba e Pernambuco, que também são administradas pela agremiação socialista. "O PSB é parceiro nosso. É importante ouvi-los, conversar e essa aproximação é necessária", afirmou Alckmin. Entre os socialistas, a avaliação é que ainda é cedo para fechar questão sobre o pleito de 2018 e que a agremiação somente tomará uma posição definitiva no ano que vem.
Como parte de uma agenda nacional em curso há meses, Alckmin esteve, só nos últimos dias, com o comando do PPS e do DEM, antes de se reunir com o PSB. As conversas vêm sendo mais genéricas do que pragmáticas, segundo interlocutores. No entanto, uma aliança entre Alckmin e o Democratas, em uma dobradinha com o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães (DEM), vem sendo articulada. Ao mesmo tempo, o DEM vê na ascensão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), a possibilidade de sair da sombra do PSDB e se lançar na disputa de 2018 em faixa própria.
Enquanto mira alianças com partidos aliados, a movimentação de Alckmin visa jogar sombra nas articulações de seus correligionários. Para o entorno tanto do prefeito quanto do governador, está praticamente certo que Doria quer ser candidato e que mira a Presidência. No entanto, o governador vê a possibilidade de superar denúncias na Lava Jato e se viabilizar. Neste cenário, João Dória seria um nome de consenso para a Prefeitura de São Paulo, desbancando candidaturas como a do vice-governador Márcio França (PSB), que conta com o apoio da cúpula do PSB Nacional.
Rodrigo Maia
Após o encontro de Alckmin com o DEM, Rodrigo Maia disse que "o DEM não tem condições de apoiar o PSDB para presidente". Em resposta, Alckmin minimizou a fala do presidente da Câmara. "É natural que cada partido queira ter candidato próprio, é legítimo", disse o tucano, que trabalha para ser candidato e tem no DEM paulista um de seus principais aliados no governo estadual. "Você pode ter aliança no primeiro turno, no segundo turno, em nível federal ou estadual”, colocou.
Via FolhaPE