Nem bem a Olimpíada terminou e o Rio de Janeiro começa a preparar a casa para a Paraolimpíada, que será aberta em 7 de setembro próximo. A disputa poliesportiva reúne atletas com deficiência física ou intelectual. O lema paraolímpico é "Espírito em movimento", alusão à determinação inesgotável e à superação. Eventos dessa natureza tiveram origem na Inglaterra, como forma de reabilitar militares feridos na Segunda Guerra Mundial. Roma, em 1960, abrigou o início da Paraolimpíada.
Com o passar do tempo, a competição cresceu. Há quatro anos, em Londres, 2,7 milhões de espectadores pagaram ingressos para acompanhar a Paraolimpíada. A expectativa era a de um salto no Rio, mas isso não aconteceu até agora. Calcula-se que tenham sido vendidos aproximadamente 12% dos mais de 3 milhões de ingressos inicialmente colocados à disposição dos torcedores. Depois esse total foi reduzido. O plano é vender 2 milhões de ingressos, uma meta difícil de ser alcançada.
O Comitê Rio 2016, responsável pela organização, se defrontou com dificuldades financeiras e buscou respaldo dos governos municipal e federal para liberação de recursos. Por isso, os planos dos Jogos sofrem pequenas adequações, mas Andrew Parsons, presidente da Confederação Paraolímpica Brasileira, ressalta que o evento não vai perder qualidade. A Prefeitura do Rio, sob forma de patrocínio, e o governo federal, por meio de patrocínio de empresas estatais, anunciaram apoio adicional ao evento.
Cadeirantes que acompanharam nos ginásios ou pela TV a Olimpíada do Rio declararam aguardar o evento com expectativa. A parte boa é que esperam por disputas bem animadas. As dúvidas principais se relacionam ao pouco espaço reservado aos Jogos na mídia. Jairo Marques, cadeirante, colunista da Folha de S.Paulo, especializado em assuntos da área de pessoas com deficiência, observou que o tema Paraolimpíada nem sequer foi lembrado em discurso recente do prefeito do Rio sobre a Olimpíada.
Outro cadeirante, Leonardo Nascimento, morador do Rio, esteve em alguns locais de disputas durante a Olimpíada e comprou ingressos da Paraolimpíada. Elogiou o acesso para cadeirantes no Parque Olímpico. Carla Maia também gostou do Parque, mas criticou o Maracanã e, principalmente o Engenhão, por dificuldades para cadeirantes. São esperados cerca de 4.350 atletas de 163 países para competições em 23 modalidades. O Brasil participa com 278 atletas, sendo181 homens e 97 mulheres, a maior delegação de sua história. Um fato inédito é que estará representado em todos os eventos do programa.
O Brasil acaba de quebrar seu recorde de medalhas (19) numa só Olimpíada. Nos Jogos Paraolímpicos de Londres ganhou 43. Desta vez, atuando em casa, é certo que a delegação nacional vai ter muito o que comemorar.
Folha de S.Paulo