"PMs se queixam da carga horária extensa e falta de efetivo", diz psicóloga sobre situação da Polícia Militar de Pernambuco

O ataque a tiros praticado por um soldado contra colegas do 19º Batalhão e a ameaça a uma subcomandante do 16º, em menos de um mês, expõem uma crise na Polícia Militar de Pernambuco. Mais do que isso: há urgência de maior atenção à saúde mental dos cerca de 16 policiais militares que estão na ativa.

No segundo semestre de 2022, a psicóloga Ana Cristina Fonseca foi uma das responsáveis por ministrar um curso para profissionais da segurança pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Segundo ela, 70% dos participantes relataram a preocupação com a saúde mental.

"Várias categorias estão propensas a lidar com situações desgastantes. Mas, no caso dos policiais, a vida está em risco todo dia. Isso afeta muito a saúde deles", pontuou a psicóloga.

"No curso, os policiais relataram os problemas que os afligiam. Eles destacaram a saúde agravada pela profissão e por causa do contato com as armas de fogo. Os PMs também se queixam da carga horária extensa e da necessidade de reforçar o efetivo", disse Ana Cristina Fonseca, que também é coordenadora geral de Graduação da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire).

O excesso de carga horária, que tem relação com os plantões extras em dias de folga, é uma reclamação cada vez mais comum entre policiais militares do Estado. Muitos relatam que, apesar da participação no Programa de Jornada Extra de Segurança (PJES) ser voluntária, há forte pressão nos batalhões para que eles trabalhem nos dias de descanso.

Atualmente, os policiais podem participar de até dez plantões extras por mês. Na semana passada, o governo estadual lançou a operação Pernambuco Seguro, com a promessa de mais policiamento nas ruas. Sem efetivo suficiente para isso, foi preciso recorrer, mais uma vez, ao PJES - sacrificando os PMs.

De acordo com dados do Portal da Transparência, o Estado deveria contar com, no mínimo, 27.672 militares na ativa, ou seja, faltam cerca de 11 mil.

Ana Cristina destacou que outro ponto chamou a atenção dela durante o contato com os policiais militares. "Apesar de muitos apresentarem sinais de síndrome de burnout, eles continuam gostando e tendo muito orgulho do trabalho e da corporação", disse.

A síndrome de burnout é caracterizada por um distúrbio emocional causado por estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho.  

Via: Conteúdo Jc

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