Após 2 anos, ninguém foi punido pelo furto de mais de 1,1 mil armas da Polícia Civil, no Recife

Por Raphael Guerra/JC

Dois anos após a descoberta do furto de mais de 1,1 mil armas de fogo que estavam guardadas em um depósito da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil de Pernambuco, na área central do Recife, ninguém foi punido.

O processo criminal contra 19 pessoas – incluindo quatro policiais civis – segue em andamento na Justiça, sem prazo para a sentença. Já os processos administrativos disciplinares, que podem resultar na demissão dos policiais, também não foram concluídos pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS). Ambas as investigações estão sob sigilo.

O sumiço das armas foi descoberto por um comissário da Polícia Civil, responsável pela manutenção e conserto delas, em 05 de janeiro de 2021, logo após ele voltar de férias. Na ocasião, um inquérito policial foi instaurado e uma auditoria foi realizada pra identificar o número exato do desvio.

Em agosto do mesmo ano, após uma operação que prendeu cinco policiais civis suspeitos de envolvimento no esquema, a chefia da Polícia Civil fez uma coletiva de imprensa e anunciou o número de 326 armas subtraídas.

Mas um documento assinado pelo delegado Adelson Barbosa em fevereiro de 2021 e enviado à Polícia Federal revelou que 1.131 armas – entre metralhadoras, pistolas e revólveres – desapareceram da Core.

Em abril de 2022, durante audiência de instrução e julgamento do caso, o delegado Adelson Barbosa, que trabalhava na Corre, prestou depoimento por videoconferência e, questionado pelo Ministério Público, confirmou que mais de 1 mil armas foram furtadas da Core.

No depoimento, o delegado disse ainda que foi repassada à Polícia Federal a lista das armas subtraídas para que os dados fossem incluídos no Sistema Nacional de Armas, do Ministério da Justiça.

Falhas de segurança 

Além das armas de fogo, mais de 3 mil munições foram furtadas. A perícia não encontrou sinais de arrombamento no depósito onde os materiais estavam guardados.

Por uma falha grave de segurança, no interior do setor de armaria não havia câmeras. Mas havia uma do lado de fora, apontada para a porta de entrada. Foi descoberto, no entanto, que o equipamento não funcionava 24 horas por dia.

Entre as armas desviadas, 119 pertenciam à Guarda Municipal de Ipojuca, no Grande Recife. Elas estavam guardadas na Core enquanto os profissionais passavam por treinamento. As pistolas haviam sido doadas pela Polícia Rodoviária Federal.

Em depoimento à polícia, ainda em janeiro de 2021, um detento revelou que, anos antes, havia se dirigido à Core para comprar munições destinadas a uma facção criminosa – indicando aos delegados que a prática ilegal não era recente na unidade policial. O vendedor teria sido justamente um dos policiais civis que acabou indiciado ao final da investigação.

Via PE Notícias


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