Bispos ordenam que Jornal da Record seja gravado; jornalistas temem censura

Celso Freitas é apresentador do Jornal da Record; direção da emissora manda jornal ser gravado

A alta direção da Record determinou nesta quarta-feira (10) que o Jornal da Record passe a ser exibido gravado. A pauta do programa será definida por volta de 18h30, e a gravação, às 19h, uma hora antes de ir ao ar. Será a primeira vez que a emissora de Edir Macedo vai usar esse modelo em um jornalístico. Produtores e repórteres do principal noticiário da empresa temem censura a temas críticos a Jair Bolsonaro (PL).

A informação foi publicada inicialmente pelo TV Pop e confirmada pelo Notícias da TV com fontes. A coluna apurou que a ordem veio de diretores ligados à Igreja Universal do Reino de Deus, liderada por Edir Macedo, dono da rede. O motivo alegado foi uma série de erros técnicos no último mês na exibição ao vivo. Foram exemplificados pelo menos cinco considerados inaceitáveis.

A gota d'água foi um erro ocorrido na edição da última terça (9), quando Christina Lemos chamou uma reportagem sobre as eleições presidenciais, e uma outra matéria sobre outro assunto totalmente diferente entrou no lugar. Erros de português em tarjas também foram apontados.

A direção determinou o fato como se fosse uma "punição" para a equipe, prometendo que isso seria temporário. No entanto, uma data limite não foi dada. Ou seja, os profissionais encaram o novo dia a dia como algo por tempo indeterminado.

Com isso, o Jornal da Record vai deixar de noticiar situações importantes que aconteçam antes das 19h. A ordem para afiliadas é tentar não deixar tão explícito que tudo está gravado, inclusive a entrada dos repórteres, que devem ser feitas como se fosse ao vivo.

Antes da exibição, haverá uma revisão rápida das matérias e do que foi dito em reportagens e pelos âncoras Celso Freitas e Christina Lemos. É esse temor maior de quem edita o telejornal. Fontes ouvidas pelo Notícias da TV apontam que há medo de cortes em temas sensíveis ao presidente.

Candidato à reeleição, Bolsonaro é apoiado por Edir Macedo e sua família. Em 2020, a emissora vetou comentários críticos da âncora Adriana Araújo contra a atuação do Governo durante o auge da pandemia de coronavírus. Adriana saiu no ano seguinte e processou a emissora na Justiça do Trabalho. Ou seja, a prática não seria nova.

Por Notícias da TV UOL

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