De olho nos votos do Nordeste, neste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm disputado a paternidade da construção, que já dura 14 anos. As obras começaram em 2008, no 2º mandato de Lula, com a promessa de que seria entregue em 2012. Mas só no ano passado os dois eixos estruturantes foram concluídos. E ainda há ramais e obras acessórias em andamento.
A transposição do rio São Francisco tem sido um dos grandes discursos de Bolsonaro para conseguir apoio na região, onde tem maior rejeição eleitoral. O papel de Bolsonaro na conclusão das obras de transposição do rio São Francisco ganhará um reforço em comerciais do Centrão nesta semana. O PP vai mostrar na TV, em rede nacional, o que foi finalizado na nova fase das obras.
Em 11 de fevereiro de 2022, o filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos), publicou em seu canal no Telegram um vídeo em que mostra os atrasos que a obra teve nos governos do PT e finaliza com imagens das entregas feitas pelo seu pai no sertão nordestino.
O atraso na entrega da construção não foi motivado só por problemas de execução, mas também financeiros. De 2011 a 2012, já no governo de Dilma Rousseff (PT), todos os contratos precisaram ser renegociados com as construtoras. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), prestadoras de serviço pediram adicionais acima de 25% para continuar com as obras. Com isso, algumas empresas desistiram. Foi necessário fazer novas licitações.
Em 10 de fevereiro de 2022, em sua live semanal, Bolsonaro e o então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, falaram sobre as obras da transposição que o governo do PT não fez e que desde 2019 estão em execução.
“Não tem preço você assistir à chegada das águas pra quem realmente necessita. Nós, que estamos no Centro-Oeste, e eu tô aqui no Sudeste, o pessoal mais do Sul, não somos acostumados à falta d’água. Muito menos o Norte. Falta d’água é no Nordeste. E falta d’água não é para lavar roupa. Muitas vezes, é para beber mesmo“, disse Bolsonaro.
Segundo o ex-ministro, o governo também precisou refazer algumas estruturas que haviam sido concluídas até 2018, mas que apresentaram problemas.
“Foram 27 intervenções para que a gente conseguisse chegar, ontem, ao Rio Grande do Norte. Fizeram um projeto que, durante 10 anos, a prioridade era fazer propaganda e campanha política. Não era entregar obra de verdade aos nordestinos. As barragens, algumas delas precisaram ser refeitas. Canais precisaram ser refeitos. Túneis desmoronaram”, disse Marinho.
O número dito pelo ministro difere do obtido pelo Poder360 por meio de um pedido feito com base na Lei de Acesso à Informação. Segundo o MDR, desde 2016 houve 9 intervenções extras que custaram R$ 50,5 milhões. Outros 15 reparos não tiveram custos extras.
De outro lado, Lula diz que a transposição do rio São Francisco é “a obra do século” e que Bolsonaro está inaugurando “pedacinhos” da construção.
“E agora a transposição está sendo concluída. Eu só espero que o Bolsonaro, que tá fazendo viagem para inaugurar os pedacinhos que ele concluiu, que ele tenha a coragem de dizer: olha, gente, eu tô inaugurando aqui, mas quem começou essa obra foi o presidente Lula. Ele teve a coragem que os nossos governantes, no passado, não tiveram”, disse Lula, em 9 de fevereiro de 2022, em entrevista à rádio Clube, de Recife.
Em 11 de fevereiro de 2022, o petista publicou uma imagem, no seu perfil do Instagram, com os percentuais de execução da obra: 88% referentes ao PT e 7% a Bolsonaro. Na legenda, a equipe do pré-candidato escreveu a seguinte mensagem: “Tem gente se vangloriando com o trabalho dos outros”.
Por Poder360