Atentado contra o Povo Truká-Tupan em Paulo Afonso expõe a violência e o racismo institucional

O Povo indígena Truká-Tupan de Paulo Afonso, localizado no Alto do Aratikun, a 9 km da sede da cidade de Paulo Afonso, sofreu neste último dia 7 de fevereiro de 2022 às 18:52, um atentado contra a vida. A Cacica Erineide, conhecida como Neide, foi alvejada com disparo de arma de fogo, que por sorte não foi atingida. O tiro partiu de alguém que ao entrar dentro do território disparou arma de fogo contra o grupo. Depois do acontecido, a Polícia Militar foi acionada e esteve no local por volta das 19:30, no qual prestou o atendimento necessário ao Povo, realizando a ronda necessária.

Os truká-Tupan, nos últimos anos vem sendo vítima de ataques sistemáticos no território, ameaças, tiros, cortes de cerca, desmatamentos, agressões físicas, incêndios criminosos, mutilações de animais, boicotes na bomba que abastece com água a aldeia, trazendo inúmeros prejuízos aos bens materiais e a integridade física das famílias.

Em Novembro de 2021, as lideranças acionaram a Secretária de Justiça, que através do programa de direitos humanos vem dando assistência a Cacica Neide, o Vice-Cacique Adriano que também já foi vítima de agressões físicas e a liderança Eliene Rodrigues. Ambos, estão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH/BA), também foi acionado a Polícia Militar do Estado da Bahia que junto ao Comando Geral de Paulo Afonso, vem realizando rondas na área. Contudo, mesmo com a presença militar no território, os malfeitores não se sentem intimidados.

A FUNAI, através de seu coordenador regional, não prestou nenhum atendimento a Aldeia, ao contrário, a presença do Chefe de Posto que esteve na área esporadicamente no dia de hoje 08/02/22, ao tomar conhecimento do ocorrido, noticiou o fato ao Coordenador da FUNAI que por telefone agiu de forma desatenciosa e hostil, ameaçando as lideranças, acusando-os de manter o Chefe de Posto sob cárcere privado uma vez que a cancela da aldeia estava fechada com cadeado. As lideranças ao tentar explicar ao Coordenador que estavam dialogando com o mesmo e que exigiam apenas que providências fossem tomadas, o Coordenador Regional da FUNAI ameaçou e desligou o telefone sem nenhuma preocupação com os fatos violentos ocorridos no território. Os Truká-Tupan, não manteve ninguém sob cárcere privado, ao contrário, atendeu o Chefe de Posto com respeito e exigiu que providências fossem tomadas, mandando que o mesmo se retirasse do território.

Os Truká-Tupan, se sentem totalmente desprotegidos em face a negligência da FUNAI e dos Órgãos Públicos Federais que deveriam cuidar da Proteção Indigena e tentam ao contrário, criminalizar as lideranças de forma hostil e desonesta. O descaso da FUNAI e do atual Governo Federal, ao intensificar sua política anti-indigena, racista e discriminatória, dá aval para ações de violência contra o Povo Indigena. Os truká-Tupan estão em situação de vulnerabilidade e estãono olho dessa política de violência estimulada por este Governo. “Mas, nós estamos fortes e conscientes que temos que resistir e lutar em defesa de nosso território sagrado, nenhumbandido vai nos intimidar” disse a Cacica Erineide.

O Território Truká-Tupan é uma área devoluta do Estado que precisa urgentemente ser regularizada. Não é possível viver sob ameaça de posseiros e da hostilidade dos próprios Órgãos Governamentais que deveriam proteger o Povo e seu território.

Demarcação Já!!!

Alzení Tomáz – Assessoria do Povo Indígena

Paulo Afonso, 02/2022 Aldeia Truká-Tupan

Via PA4/Ozildo Alves



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