30 anos de 'É o Amor', sucesso de Zezé Di Camargo e Luciano, graças a persistência de Seu Francisco

Faixa foi a última a entrar no disco, e por insistência de Zezé, conta Luciano - FOTO: REPRODUÇÃO

Se o amor não tem medida, nem tamanho, podemos mensurá-la em tempo. Mais precisamente, três minutos e vinte e dois segundos, que estão eternizados há 30 anos. Assim é a definição de É o Amor, o primeiro e icônico hit da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano que completou, neste mês, três décadas de sucesso.

Ninguém imaginava que a última canção a entrar no álbum de estreia dos irmãos de Pirenópolis (GO) fosse a primeira do disco e alcançasse tanto êxito. Na verdade, no início, uma pessoa só acreditava nesta potência: o compositor dela, o próprio Zezé Di Camargo.

Por telefone, seu parceiro de dupla, Luciano Camargo, conversou com o Jornal do Commercio sobre a gênese da canção, que durou, praticamente, um dia inteiro. “Eu lembro do Zezé compondo. Ele saiu o dia todo. E contou que quando estava fora, estava ouvindo a música Negue, da Maria Bethânia. Mas na noite que ele foi compor, eu fiquei com ele observando”, recorda o cantor.

“Eu vi que a primeira parte de É o Amor, ele tirou em menos de meia hora, acho. Mas na hora do refrão, ele tinha a melodia, mas não tinha a letra. Ele demorou mais para escrever essa parte. Com essa demora, fiquei cansado e fui dormir. Mas foi aí que ele terminou a música e, no outro dia, levamos para o produtor. Nós já tínhamos escolhido as doze faixas do disco, e É o Amor foi a décima-terceira a entrar. Por isso o disco saiu com 13 músicas, e não 12”, completou Luciano.

Ao sentir que tinha composto uma canção muito especial, Zezé Di Camargo insistiu com os produtores para colocá-la no disco e interferiu em todo o processo de produção dela. “Quando fomos gravar É o Amor, lembro que o maestro criou um arranjo totalmente diferente no piano. E eu lembro que o Zezé não gostou. E explicou fazendo o som na boca da introdução, sugerindo as duas guitarras. E aí surgiu o famoso arranjo que conhecemos hoje”, relembra o irmão.

Com o disco na praça, e o incentivo da família – através da famosa história das fichas de telefone compradas e distribuídas pelo pai da dupla, Seu Francisco, para pedir É o Amor nas rádios de Goiânia, revelada no filme 2 Filhos de Francisco (Columbia Pictures, 2005) – a canção começou a chamar atenção não só no estado dos irmãos, mas no Brasil inteiro, a ponto de atravessar as barreiras do tempo. Fato esse que orgulha a dupla até hoje.

“Foi um movimento familiar. Meu pai comprou as fichas e deu, não só para os amigos que trabalhavam com ele, mas todo mundo, inclusive a família, e todos foram pedindo a música. Claro, a música não se tornou sucesso só por causa disso, afinal meu pai pedia em Goiânia, mas a música estourou no Brasil inteiro. Mas acho que a atitude do meu pai foi, na verdade, um retrato de como a família queria esse sucesso”, analisa o músico.

“Mas um cara poder compor É o Amor, independente do contexto em que foi composta, é um privilégio único. E tudo nessa música – da letra ao arranjo – o Zezé fez. Ele só não fez a segunda voz. E nós, brasileiros, como ouvintes dessa canção, também somos privilegiados. Porque é uma música que está há 30 anos no mercado, há 30 anos tocando e fazendo sucesso”, reflete Luciano.

ATEMPORALIDADE

Em meio à letra composta por duas estrofes de seis versos e duas estrofes de refrão com quatro, o parceiro de Zezé di Camargo confessa seu trecho preferido: “Eu me identifico com o início do refrão. É lindo demais porque estamos falando que o amor te deixa assim. Não é necessariamente um amor por uma pessoa, mas é ‘o’ amor. É o sentimento que te deixa louco, te faz tremer, chorar, sorrir... Meu irmão foi muito feliz nisso. Iluminado, na verdade. Isso serve para todo mundo”.

Além de ser a marca registrada da dupla, É o Amor também foi (e ainda é) bastante regravada no Brasil. Mas Luciano destaca a força uma releitura em especial. “Maria Bethânia, com certeza. Ela imortalizou essa música na voz dela também. Bethânia conseguiu fazer com É o Amor o que ela fez com Detalhes, de Roberto Carlos. A versão dela foi tema de filmes – inclusive o nosso – e novela. Ela deu uma outra cara para a música e ficou lindo. Ela soube muito bem trazer para a identidade dela. E tocou muito também!”, declara.

Hoje, trinta anos depois, É o Amor segue como uma das músicas mais lembradas do cancioneiro nacional e um capítulo indispensável para a construção da carreira da dupla. “É claro que um artista se define a partir de seu maior sucesso. Mas o que Zezé di Camargo & Luciano tem, e isso é um privilégio, de certa forma, é que além de É o Amor, é que temos outros sucessos tão grandes quanto. […] Mesmo assim, É o Amor vai muito mais além porque ela não ficou só no sucesso. Ela passou a fazer história conosco. Tenho certeza que se fosse outra música não estaríamos aqui falando disso, e sim da carreira como um todo”, conclui Luciano.

Do JC



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