Quando Lula fala como candidato, aliados miram situação de Marília


Movimento de Lula levanta debate sobre cenário em Pernambuco para 2022 - Ricardo Stuckert e Avener Prado/Folhapress

Em conversas reservadas, aliados avaliam que o ex-presidente Lula não pensa em outra coisa: pretende concorrer ao Planalto em 2022. O discurso feito ontem pelo líder-mor do PT reforça essa bolsa de apostas. Nas esquerdas, já é dado como certo o seguinte: Lula não só quer disputar, como já quer abrir a discussão com siglas aliadas. Em outras palavras, aliados dizem, nas coxias, que ele "não quer ser candidato só do PT". O movimento de Lula levanta um debate sobre qual construção seria mais viável em Pernambuco num cenário com o petista encabeçando uma chapa presidencial. Ao conjunto das esquerdas, não passa despercebido que a deputada federal Marília Arraes poderia ser o nome natural, após protagonizar um 2º turno com João Campos em 2020, a encabeçar um palanque do PT no Estado, mas, ao mesmo tempo, lideranças desse campo advertem que o passo dado por ela na eleição da Mesa Diretora da Câmara Federal pode, agora, servir de trunfo a legendas que ainda jogam para ter apoio do PT, em Pernambuco, na corrida majoritária de 2022. "Marília derrapou na primeira curva", observa uma fonte, sinalizando descompasso entre um projeto presidencial de Lula e uma eventual candidatura de Marília ao Palácio das Princesas.

Essa visão é reproduzida por outra liderança desse campo, a qual realça a decisão da Executiva Nacional do PT de abrir processo contra Marília na Comissão de Ética e cita reações de quadros históricos do partido, a exemplo de Rochinha, membro do Diretório Nacional. Coordenador da CNB, Rochinha chegou a repudiar publicamente a conduta da deputada. Marília foi eleita segunda secretária numa costura que reuniu apoios também de eleitores de Arthur Lira e, vitoriosa, derrotou o candidato oficial da legenda. Parlamentares que acompanham apostam que as rusgas que restaram impediriam, hoje, Marília de ser a candidata a governadora da sigla. "Marília saltou antes do cavalo passar", argumenta outra fonte em referência ao STF ter anulado condenações contra Lula, recompondo ªmaior na legenda, hoje, a Marília viria da presidente nacional, Gleisi Hoffmann, que não teria digerido o resultado da Mesa. O detalhe é que, nesse cenário, há quem já não descarte um entendimento entre PT e PSB em Pernambuco como resultado de uma construção via direção nacional das legendas, agora, com Lula de volta à cena.

Encontro no radar
Após definir o nome de Alessandro Molon para líder da Oposição, as esquerdas esbarram em impasse em torno da Minoria. PSB, Rede e PCdoB querem o PT na vaga. O PT trabalha com dois nomes: Alencar Braga ou José Guimarães. O PDT aposta na hipótese de Marcelo Freixo. Há racha no PT, o que pode, dizem os envolvidos, provocar um encontro, nos próximos dias, da bancada, incluindo Marília Arraes, com Lula. A ala que defendeu Marília para Mesa apoia Alencar. Mas não haveria entendimento com Gleisi Hoffmann. 

Recondução > O debate, pendente no PDT, havia ficado para depois do Carnaval. Ontem, por unanimidade, a bancada, na Câmara Federal, reconduziu Wolney Queiroz ao cargo de líder. 

Sem parar > Parlamentar com o maior número de mandatos na Alepe na atual legislatura, Manoel Ferreira chega aos 82 anos já traçando planos para 2022. Descartando a aposentadoria, o pai do prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, e do deputado André Ferreira vai em busca do nono mandato na Casa de Joaquim Nabuco.

Sinal > Do presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, à coluna, sobre eventual retorno de Jair Bolsonaro ao partido: "O partido, hoje, é maior que qualquer dirigente, desde o mais simples convencional ao presidente. E isso passa por uma decisão do colegiado”.

Por Renata Bezerra de Melo

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