Pescadores do Recife sofrem com falta de clientes e cobram análise de peixes


Barcos parados há quase uma semana, congeladores de peixarias vazios há 15 dias e uma incerteza angustiante sobre o futuro. Assim tem sido o cotidiano de mais de 1,2 mil famílias que vivem da pesca no Recife. Nos bairros do Pina e Brasília Teimosa, que agrupam a maior parte do comércio de frutos do mar e onde mora a maioria dos associados da Colônia de Pesca Z-1, a falta de clientes após a contaminação por piche no litoral nordestino tem causado preocupação em toda a cadeia produtiva. Fornecedores de equipamentos de pesca, restaurantes locais, pintores de barcos e distribuidores de pescado também já sentem os efeitos da crise no setor.

Embora a orla da capital pernambucana não tenha sido atingida pelas manchas, os clientes sumiram com medo da contaminação dos peixes. Enquanto isso, barcos estão ancorados e sem previsão de volta ao mar.

“Essa desinformação só prejudica”

O vice-presidente da colônia Z-1, Augusto de Lima Guimarães, critica a ausência de pesquisas que poderiam atestar a qualidade dos peixes ou identificar algum tipo de contaminação. Segundo ele, nenhuma equipe dos órgãos sanitários compareceu aos locais de desembarque dos peixes para coletar amostras. “A retração está muito grande e caminha para o caos. O produto que já foi capturado está encalhado e ninguém tem coragem de sair para o mar sem ter garantia de que vai vender na volta. Essa desinformação só prejudica ainda mais. Cabe aos órgãos de saúde avaliar esse peixe e ajudar a esclarecer”, denuncia Guimarães.

Mariana Guenther, bióloga com doutorado em Oceanografia e professora da Universidade de Pernambuco (UPE), explica que não é recomendável consumir o pescado até a realização de uma análise toxicológica, mas alerta que é preciso garantir o sustento da comunidade pesqueira. “Essa é uma situação muito delicada e também uma grande preocupação nossa. É urgente assegurar o sustento dos pescadores e marisqueiros nesse momento de crise”, salienta.

A pesquisadora lembra que uma pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), está analisando a presença de substâncias tóxicas no pescado. Ela também ressalta que os efeitos da contaminação variam de tonturas, vômitos, diarreia e dores de cabeça até alterações do sistema nervoso, alterações hepáticas e câncer.

O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta segunda-feira (28) que o governo federal não acionou o Plano Nacional de Contingência de Incidentes de Poluição com Óleo em águas sob Jurisdição Nacional (PNC). Procuradores dos noves estados nordestinos ingressaram com uma ação do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5ª) para obrigar que a União dê início ao PNC.

Via PE Notícias

Postar um comentário

Comente Abaixo!

Postagem Anterior Próxima Postagem

Em Cima dos Posts