A morte de Diniz promoveu o reencontro de muitos radialistas, comunicadores, muitos deles, formados nos microfones e estúdios das Rádios Cultura AM e FM de Paulo Afonso, marca do pioneirismo de Antônio José Diniz, fato do que ele muito se orgulhava e dizia: “Eu coloquei Paulo Afonso no mundo através das ondas das Rádios Cultura”, inspirado no que ouviu de outro pioneiro de saudosa memória, Nicolson Chaves, que disse, quando a Rádio Cultura foi inaugurada: “Paulo Afonso agora tem voz”.
E, acrescentava Diniz: “O que me alegra é que a voz de Paulo Afonso ultrapassou fronteiras, invadiu outros Estados nordestinos e agora, com as Rádio Cultura AM e FM na internet, estamos em todo o universo, em todo o mundo”.
Uma grande verdade, porque antes das Rádios Cultura que nasceram há mais de 40 anos, em 8 de Dezembro de 1978, abençoadas pelo 1º Bispo de Paulo Afonso, D. Jackson Berenguer Prado, Paulo Afonso só teve a saudosa Rádio Poty, de Antônio Bernardo, Raimundo e Mário depois de Roque Leonardo, pequena, sem regularização do Dentel.
Polêmico, mas autêntico, de diálogo difícil mas determinado, Diniz sempre foi assim: odiado por alguns, amado por outros e, como disse o repórter Eraldo Oliveira, da Rádio Angiquinho, “a comunicação em rádio em Paulo Afonso terá que ser reconhecida como a de antes e a de depois de Diniz”.
Ele mereceu as honras que a morte lhe trouxeram. O seu corpo foi velado na Câmara Municipal de Paulo Afonso. Afinal a Câmara é do povo, de quem emana todo o poder… E, em todo o tempo das Rádios Cultura, Diniz sempre abriu os microfones para o povo. E, no leito em que iria morrer, chamou o filho Dinizinho ao seu lado e lhe disse: “Meu filho, cuide das Rádios e nunca negue espaço ao povo. Deixe o povo falar”.
Nascido em Pesqueira/PE, chegou em Paulo Afonso com os pais José Vitorino e D. Corina Diniz, ainda menino, porque o pai deixou o trabalho da Fábrica Peixe para trabalhar na Chesf.
Em Abril de 2018, no dia do seu aniversário, 18/04, recebeu como presente, aprovado pela unanimidade dos vereadores da Câmara Municipal, o título de Cidadão de Paulo Afonso.
Diniz que vinha sofrendo há meses com os problemas da diabetes, já havia amputado uma parte de um dos seus pés e vivia mudando de hospital – Nair Alves de Souza, hospital do Recife, de novo Nair e por fim no Hospital Municipal de Paulo Afonso – sempre muito bem cuidado pelo filho Dinizinho, pela ex-esposa Saúde e também pela filha, Soraya, que veio do Canadá para lhe dar assistência, faleceu no dia 20 de Julho de 2019, Dia do Amigo, às 19 horas e foi sepultado já no início da noite do dia 21, no cemitério Padre Lourenço Tori.
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O seu corpo, em cima de um carro dos Bombeiros, percorreu a Avenida Apolônio Sales, a rua São Francisco, passando em frente ao prédio da Rádio Cultura, seguiu pela Avenida Getúlio Vargas, Praça D. Jackson Berenguer Prado, Catedral N.S. de Fátima, sendo aplaudido pelos moradores, por onde passava.
No velório e no cemitério poucos políticos: o ex-vereador Daniel Luiz sempre apoiando a família de Diniz há tempo e os vereadores Mário Galinho e Jean Roubert. Os secretários municipais Ivaldo Sales (Saúde) e Francisco (Meio Ambiente), o ex-prefeito José Ivaldo. Diretores de rádios e jornal como J. Matos (RBN) Giuliano Ribeiro (Angiquinho), João Neto (Betel), Antônio Galdino (jornal Folha Sertaneja) muitos radialistas e comunicadores e o povo simples, ouvintes da Rádio Cultura.
Na chamada da Rádio Cultura para o seu velório e sepultamento, na saída do seu corpo da Câmara de Vereadores, durante o trajeto pelas ruas da cidade e durante o seu sepultamento, a execução da música “Paulo Afonso”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, considerada com o hino da Chesf por muitos. Foi uma lembrança da família porque ela amava esta música e, quando inaugurou a Rádio Cultura, esta música, como um marco, foi tocada durante 60 vezes seguidas.
O cortejo e sepultamento foram transmitidos ao vivo nas redes sociais pelos filhos, Dinizinho e Soraya, e acompanhados por centenas de internautas, amigos e conhecidos da família. Só na live de Dinizinho foram mais de 3 mil visualizações. No percurso, o filho conversava com seus seguidores sobre o pai. “Lutou até os últimos instantes pela vida, mas Deus quis que fosse assim, nós temos que aceitar, não podemos ser egoístas. Queremos a paz e o descanso, e ele precisava descansar.”
Ao passar pelo BNH, ao lado das antenas das Rádios Cultura, Dinizinho foi nostálgico: “Olha ele aqui dentro com a gente, meu pai, ali são as antenas da rádio dele, ele deu voz a Paulo Afonso. A história do meu pai aí, quarenta anos trabalhando na rádio, na comunicação, na região levando a voz e a mente do povo, deixando o povo falar, essa era a marca dele.”
No último adeus, na entrada do caixão com o corpo de Diniz no túmulo, emocionado, Dinizinho pediu aplausos dizendo acreditar que seu pai já estava nos braços de Deus: “Vou pedir uma salva de palmas para Deus. Isso é o ciclo da vida, a gente não quer aceitar, mas é o ciclo da nossa vida, cada um tem um ciclo de uma forma. Uns morrem mais rápido, outros morrem de acidente, uns morre dormindo, outros morrem sofrendo, isso é uma certeza. Então está se guardando aqui os restos mortais dele, mas o espírito dele já não está entre nós, acho que já faz tempo que ele está nos braços do Pai, e agente está tranquilo quanto a isso.”
Via PA4/Ozildo Alves