Foto Whitiney Pereira/Portal Jatobá
A ABCDE/CESVASF, sediada em Belém do São Francisco, em parceria com a Prefeitura de Petrolândia e a Revista Movimentto, realizou na noite da ultima quarta-feira (28) uma homenagem as 30 Mulheres de Expressão do Sertão de Itaparica.
O evento foi realizado no Plenário da Câmara de Vereadores de Petrolândia-Pe que contou com a presença das homenageadas e população em geral.
A Secretária de Assuntos Indígenas de Petrolândia, Kássia Soares, foi uma das homenageadas da noite, e em forma de reconhecimento a sua luta, a representante da comunidade quilombola Borda do Lago entre Petrolândia e Tacaratu, teve seu nome ao lado de mais 29 mulheres do Sertão de Itaparica.
Resistência pela liberdade quilombola
“Não sou descendente de escravos, sou descendente de povo guerreiro”, faz questão de ressaltar Rita de Kássia Soares da Silva, Secretária de Assuntos Indígenas e Quilombolas da Prefeitura de Petrolândia-PE.
Ativista conhecida na região. Kássia já desenvolvia um importante trabalho na luta pelos direitos dos quilombolas da Comunidade Borada do Lago, que fica entre os município de Petrolândia e Tacaratu. Durante anos lecionou na escola da comunidade, levando até às crianças um conhecimento que vai além da grade curricular de ensino. “Eu sempre consegui, nos últimos meses do ano, abordar assuntos que remetem aos nossos antepassados, aos curandeiros da comunidade e às lideranças. É feito todo um resgate da nossa história e no dia 20 de novembro temos um festival onde acolhemos outras comunidade e apresentamos várias manifestações culturais, como maculelê, explica a secretária. Formada em pedagogia e pós-graduada em psicopedagogia clínica, além de possuir diversas formações educacionais oferecidas pelo Governo Federal, Rita dialoga com a gestão municipal em nome da comunidade desde 2005 e diz sempre ter tido apoio da prefeitura, que abraçou a causa e sempre olhou as solicitações com muito respeito e sensibilidade.
Ela já auxiliar de serviços gerais, merendeira, professora de escola quilombola e sempre fez a diferença por onde passou, despercebido e no fim de 2016 foi convidada a assumir a função na qual se encontra. “Gosto de ajudar e defender o direito das pessoas. Quando veio o convite pensei e percebi que o trabalho era minha cara”, afirma.
Com mais de 20 anos de ativismo no currículo, Kásia participa constantemente de fóruns e encontros que debatem os direitos e a representatividade dos remanescentes quilombolas. Segundo ela, durante a caminhada surgiram vários “nãos”, mas eles nunca foram capazes de desmotivá-la. “É minha maneira de resistir”, explica. Apesar de trabalhar na cidade, Rita de Kássia ainda mora na comunidade quilombola onde nasceu e criou-se, local que atualmente abriga mais de cem famílias, cujo meio de subsistência é a agricultura e o artesanato. Apesar dos constantes questionamentos, ela diz que não pretende sair de lá nunca. “Não posso deixar meu lugar, meu berço, minha casa. É lá que coloco meu pé no chão, danço, corro e sou feliz. É lá onde posso dizer para o meu povo: vamos à luta!”.
Por Redação/Informações: Revista Movimentto