Um escândalo descoberto em 2016 e que caminhava apenas em gabinetes de advogados, judiciário e Polícia Civil bem que poderia estampar manchetes de jornais e edições televisivas dado o seu tamanho. Em Afogados da Ingazeira, no Sertão de Pernambuco, dezenas de servidores estaduais estão há meses sem ver a cor dos salários porque foram vítimas do Golpe do Empréstimo Pessoal, aplicado por servidores do banco e que acabou rendendo pelo menos duas demissões, uma delas de um ex-gerente.
Os nomes de todas as vítimas e acusados ainda não foram devidamente revelados, apesar do burburinho no boca a boca, mas não são poucos os dramas pessoais de quem aguarda decisão do judiciário para bloquear os empréstimos fraudulentos e começar a definir pelas indenizações. Da mesma forma, inquéritos na esfera criminal buscam responsabilizar os culpados. O esquema consistia em utilizar o banco de dados de servidores que detinham empréstimo consignado e fazer, sem consentimento dos interessados, empréstimos pessoais. Essa modalidade de empréstimo dribla a exigência de comprometimento mínimo da renda em 30% do consignado.
Os servidores envolvidos nas operações fraudulentas mantinham contato com o servidor e diziam “ter um empréstimo para oferecer e que a parcela seria a mesma do consignado”. Usassem ou não, os servidores eram surpreendidos com valores nunca pedidos, entre R$ 20 a R$ 50 mil ou mais. “Em algumas contas, as operações de débito e crédito de um servidor assalariado, chegavam a R$ 200 mil”, disse um dos advogados das vítimas. Parte desse montante aparentemente era desviado para os operadores do esquema.
Alguns correntistas usaram as redes sociais para despejar a sua ira porque são na verdade os prejudicados em todo processo, muitos destes estão com dívidas para saldar e seus salários estão indo para o Bradesco para pagar um empréstimo que não fez.
“Até seguro de residência alugada eu tinha. Minha situação não ficou pior por que transferi meu benefício. Fui lesada de várias formas num total de mais de 100 mil”, disse nas redes sociais Valquíria Nascimento.
“Demorou, fui roubada também, porque proteger nomes? Tem que falar mesmo, a imprensa tai pra isso, tem quer ser justo já que tem coisas que divulgam demais. Justiça pra todos por igual, errou tem que pagar”, disse, também nas redes sociais, Risocleide Silva.
Com um valor de parcela maior que o próprio salário, os servidores foram pegos de surpresa e viram a impossibilidade de acessar qualquer valor da conta, além de terem nomes incluídos em sistemas de proteção ao crédito. “Se não fossem familiares, estaria passando fome”, disse uma servidora.
Vários advogados ingressaram com ações solicitando suspensão do empréstimo fraudulento, restituição dos salários e indenização do Banco. Considerando o número de vítimas, as indenizações podem alcançar cifras milionárias. Neste caso, a instituição responde, pois os servidores estavam a seu serviço. E vai poder responsabilizar na esfera criminal os envolvidos.
Este caso foi abafado. Por quê?
Via Nill Júnior