Que as agruras encontradas no caminho não arrastem a precundia do juízo de outrem...

Quando a estrada é longa, tem que acordar no romper da aurora e rasgar o mundo rompendo a linha do horizonte, rumo ao útero d'uma existência...
Pois bem, cada um de nós caminha pela vida como se fosse um viajante que percorre uma estrada.
O que é certo mesmo é que quase ninguém na estrada está satisfeito. 
A maioria dos viajantes acha que o vizinho é mais bonito ou viaja de forma bem mais confortável.
E aí, se começarmos a observar a situação atual da nossa sociedade, podemos perceber que a grande maioria das pessoas está sob a influência de algum tipo de ilusão.
E uma maneira de se iludir é imaginar que um governo possa resolver todos os problemas de uma sociedade, de forma milagrosa, acreditando num discurso vazio e sem fundamentos lógicos e coerentes com a realidade. 
O sabor da desilusão, nesses casos, pode ser amargo e trazer conseqüências desastrosas, gerando desânimo ou revolta no meio dos que se iludiram.
Quando alguém julga infalível a sua razão, está bem perto do erro, pois geralmente nosso juízo é apressado, parcial e muito limitado. 
Entre os sonhadores há os que se dedicam a dar água e pão, abrigo e remédio aos viajantes que precisam. 
Há pessoas cultas na estrada e há gente muito tola. Alguns sabem dizer coisas difíceis e outros nem sabem falar direito. 
Em geral, os sabichões não gostam muito da companhia dos analfabetos.
Pela estrada dessa nossa vida, muitos caminham com seus próprios pés. Outros são carregados por empregados ou parentes.
Uns olham para o próprio umbigo, outros contemplam as estrelas, alguns gostam de espiar os vizinhos para fofocar depois. 
Uma boa parte conta o dinheiro que leva e há os que sonham que um dia todos da estrada serão como irmãos.
Há os que viajam em companhias amigas, assinaladas por risos e alegria. E há os que caminham com gente indiferente, egoísta e má. 
Existem também pessoas que se iludem sobre seu próprio caráter. De tanto mentir acabam por acreditar nas mentiras que inventaram. 
E, pior ainda, acreditam que os outros são tolos a ponto de não perceberem que mentem, e continuam jurando, até diante das câmeras, que dizem a verdade. 
Existem pessoas visivelmente convencidas de que são donas da vontade alheia, tornando-se déspotas no lar ou no trabalho, iludidas de que terão para sempre seus reféns.
Por não admitir as nossas próprias fraquezas, também não as admitimos nos outros, e agimos com um rigor desmedido, infelicitando-nos e infelicitando os que conosco convivem. 
Mais sensato seria reconhecer que somos aprendizes da vida, e que todo aprendiz tem o direito de errar, mas tem também o dever de corrigir o passo e seguir em frente. 
Como aprendizes da vida, não estamos isentos do erro, da queda, das fragilidades que caracterizam a nossa condição de alunos imperfeitos. 
Assim sendo, vale a pena agir como quem deseja crescer, aprender, ser feliz. E para isso é preciso saber pedir perdão, saber perdoar, saber tolerar... 
Só não admite erros a pessoa que se julga infalível, perfeita, acima do bem e do mal. E essa, certamente é uma pessoa infeliz.
O sentimento de culpa é um detrito moral que fustiga a alma. A pessoa que carrega esse fardo, sofre e não admite ser feliz.
E tem também, aqueles que caminha com os olhos cheios de lágrimas e há os que se vão sorridentes. 
Mas, mesmo os que riem, mais adiante poderão chorar. Nessa estrada, nunca se conheceu alguém que a percorresse inteira sem derramar uma lágrima. 
A estrada de nossa existência pode ser bela, simples, rica, tortuosa. Seja como for, ela é o melhor caminho para o nosso aprendizado. 
Deus nos ofereceu essa estrada porque nela se encontram as pessoas e situações mais adequadas para nós. 
Assim, siga pela estrada ensolarada. Procure ver mais flores. Valorize os companheiros de jornada, reparta as provisões com quem tem fome. 
E, sobretudo, não deixe de caminhar feliz, com o coração em festa, agradecido a Deus por ter lhe dado a chance de percorrer esse caminho de sabedoria.
E que nessa longa estrada da vida, nunca esqueça que a estrada terá fim.
Não seja iludido... É ilusão... 
Peregrino que caminha só…
Segue a viagem...

Hilton Filho
Artesão das letras, Poeta com as mãos.

Postar um comentário

Comente Abaixo!

Postagem Anterior Próxima Postagem

Em Cima dos Posts