RETRATANDO O IMAGINÁRIO


Comecei a futucar lembranças obscuras nas fendas do imaginário pelas locas do pensamento, e me dano a ter relances de assuntos soltos, espalhado pelo vento. E um deles foi esse: 

“Vê se agora deixa de ser Moleque e tente ser homem”.

Fiquei imaginando que essa frase descreve direitinho um personagem mexicano que crê que o mundo gira em torno da sua barriga, achando que o sistema é sua mamadeira. Meu véi... Eu não lhe conto, mas uma palavra escrita (daquelas que escrevemos com caneta Bic de tinta preta e que na maioria das vezes falham, e que a gente sacode, esfrega na palma da mão, esquenta o bico com isqueiro) pode sair da pagina e se tornar física. Como também, uma palavra bem dita pode fazer o invisível aparecer. Aí, me lembrei de outra frase que vi escrita num lameirão d’um caminhão: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”, fechando e retratando claramente como se tivesse usado alvejante “Dragão”.

Às vezes, temos que ser mecânico e apertar as arruelas que vedam as brechas da engrenagem da vida, pra não deixar escorrer o óleo e não escorregar nas esparrelas que o destino nos apresenta. Veja bem meu Véi... Só é possível libertar um povo, se antes, quebrar a gargalheira da avidez que lhe escraviza. Querer Governar por cupidez, só vai ao encontro do seu interesse. A Razão e o amor são o leme e as velas d'uma alma navegante. Sem ambos, você ficará à deriva ou parado no meio do mar.

Cada pessoa tem sua própria caminhada.

Cada instante é ensejo de nova ação propiciadora de crescimento, de conhecimento, de conquista. Saber utilizá-la é desafio para a criatura que aspira por novas realizações.
A nossa existência é a grande oportunidade para enriquecimento contínuo. Para isso é necessário o desenvolvimento do senso moral.

Essa conquista é fruto do esforço pessoal, do estudo, da meditação, dos pensamentos nobres. O despertar da consciência é um efeito natural, e essa conquista permitirá ao ser avaliar fatores profundos como o bem e o mal, o certo e o errado, o dever e a irresponsabilidade, a honra e a desonra, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem. Essa consciência não é de natureza intelectual, atividade dos mecanismos cerebrais. É força que impulsiona, porque nascida nas experiências e exteriorizar-se em forma de ações. Aprenda uma coisa meu véi... A vida é como um cacifo: a toda hora a gente abre e fecha, mesmo sem ter nada para guardar. Se não tiver alça, é porque não tem nada lá dentro, está vazia, lá fora ninguém lhe abre, lá dentro a alma é vadia.

É meu véi... O tempo vai passando numa embalagem da gota, a pólvora tá raleando e cada vez mais, fica difícil de arranjar. Acho que até num sibito vai fazer falta se atirar. É meu véi... Agora me lembrei de que preciso esquecer algumas coisas que não há mais necessidade de lembrar, principalmente de um “presente que o futuro virou passado” e despencou no abismo do esquecimento numa embriaguez por desespero.

Segue a viagem...

Hilton Filho
Artesão das letras, poeta com as mãos.

Postar um comentário

Comente Abaixo!

Postagem Anterior Próxima Postagem

Em Cima dos Posts